
No mundo da logística, a busca por eficiência e competitividade é constante. Para alcançá-la, não basta mais escolher um único meio de transporte, mas sim saber combinar o melhor de cada um. É aqui que entra o conceito de intermodalidade.
Para empresas, formuladores de políticas e profissionais da área que buscam otimizar a matriz de transportes brasileira, entender como a intermodalidade funciona, especialmente ao integrar com a cabotagem, é fundamental.
Neste artigo, vamos mergulhar no tema, mostrando como a integração de modais pode gerar vantagens competitivas e transformar a cadeia de suprimentos do país.
Embora os termos possam parecer semelhantes e muitas vezes sejam usados como sinônimos, a intermodalidade e a multimodalidade possuem diferenças importantes no contexto da logística.
A intermodalidade é a utilização de mais de um modal de transporte (como rodoviário, ferroviário ou marítimo) para levar uma carga da origem ao destino final.
A característica principal é que cada trecho da viagem é coberto por um contrato de transporte e um documento fiscal diferente, emitido por uma transportadora específica. A responsabilidade por cada parte da jornada é individualizada e recai sobre a empresa que opera aquele trecho.
Já no transporte multimodal, toda a operação é gerenciada por um único contrato, o conhecimento de transporte multimodal de cargas (CTMC), e por um único responsável, o operador de transporte multimodal (OTM). O OTM assume a responsabilidade total pela carga, desde a coleta até a entrega, independentemente de quantos modais sejam utilizados. Essa centralização do serviço facilita a comunicação e a gestão, tornando a operação mais simples para o cliente.
Em resumo, a intermodalidade é a combinação de modais com contratos e responsabilidades separadas, enquanto a multimodalidade é a integração de modais sob um único contrato e um único responsável.
A cabotagem se destaca em ambas as modalidades, oferecendo uma solução robusta para longas distâncias.
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A integração de modais é a base de uma logística inteligente e pode ser facilmente visualizada com um exemplo prático.
Imagine uma indústria de bens de consumo no interior de São Paulo que precisa enviar uma grande quantidade de produtos para um centro de distribuição em Recife, PE. A jornada começa com o modal rodoviário, onde um caminhão coleta a carga na fábrica e a transporta até o Porto de Santos.
No porto, os contêineres são embarcados em um navio e iniciam a viagem pelo mar, no trecho de cabotagem — a navegação pela costa brasileira. Esta etapa é ideal para percorrer a longa distância entre o Sudeste e o Nordeste, que seria muito mais custosa e demorada por terra.
Ao chegar ao Porto de Suape, em Pernambuco, a carga é transferida do navio para outro caminhão, que a leva até o seu destino final, o centro de distribuição em Recife.
Esse é um exemplo clássico de intermodalidade bem-sucedida, combinando os modais rodoviário e marítimo para otimizar toda a operação.
A adoção da intermodalidade não é apenas uma escolha técnica, mas uma decisão estratégica que traz uma série de benefícios diretos para a cadeia de suprimentos.
Uma das maiores dores para as empresas é o custo operacional. Ao utilizar a intermodalidade, as organizações podem aproveitar o ponto forte de cada modal. O transporte rodoviário, ideal para curtas e médias distâncias, faz a coleta e a entrega. Já a cabotagem, comprovadamente mais barata para longas distâncias e grandes volumes, assume o trecho principal da viagem.
Essa otimização do frete total gera uma economia significativa. De acordo com um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o custo do transporte marítimo de cabotagem pode ser até 20% menor que o rodoviário em determinadas rotas.
A imprevisibilidade é um dos grandes desafios do transporte rodoviário de longa distância, afetado por congestionamentos, condições das estradas e imprevistos.
A intermodalidade bem planejada aumenta a previsibilidade, pois o trecho mais longo e variável é substituído pela cabotagem, que opera em janelas de tempo fixas, garantindo maior eficiência na cadeia de suprimentos.
A sustentabilidade é uma pauta cada vez mais importante para o setor logístico, especialmente para empresas que precisam atender a critérios ESG.
A intermodalidade com a cabotagem oferece uma resposta concreta para essa demanda.
Essa redução da pegada de carbono é um diferencial competitivo, que reforça o compromisso da empresa com o meio ambiente e com uma logística integrada mais verde.
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Apesar dos benefícios, a adoção da intermodalidade no Brasil enfrenta alguns desafios que precisam ser superados. O principal deles é a infraestrutura portuária. Muitos portos e terminais ainda não possuem a capacidade necessária para uma conexão eficiente entre os modais, como pátios reguladores e acessos ferroviários adequados.
Além disso, a harmonização de processos e a integração tecnológica entre os diferentes agentes da cadeia são essenciais. A falta de comunicação e de sistemas que permitam a rastreabilidade da carga de ponta a ponta pode gerar atrasos e ineficiências.
No entanto, o setor tem evoluído e investido em tecnologia para superar esses obstáculos.
A intermodalidade não é apenas uma tendência, mas o futuro da logística no Brasil. Para o país se desenvolver de forma sustentável, é preciso pensar em uma matriz de transportes verdadeiramente integrada, onde a cabotagem, o modal rodoviário e o ferroviário trabalhem em harmonia.
Para as empresas, adotar essa estratégia é um passo importante para uma operação mais inteligente e competitiva. Ao analisar quando essa abordagem é viável, é essencial considerar fatores como volume da carga, distância percorrida e a necessidade de prazos previsíveis.
A cabotagem, por exemplo, é a solução ideal para cargas de médio e grande volume em percursos longos, enquanto o modal rodoviário é insubstituível para o “primeira e última milha”.
Para saber mais sobre como a cabotagem pode otimizar a sua cadeia logística, continue acompanhando as notícias e conteúdos da ABAC.
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