A Marinha Mercante brasileira é um pilar fundamental para o transporte de cargas e o desenvolvimento econômico do país. No entanto, ela enfrenta um paradoxo preocupante: a escassez do Oficial de Marinha Mercante (OMM).
Apesar de uma costa vasta e uma crescente demanda por transporte aquaviário, o Brasil possui vagas para essa função, mas faltam profissionais qualificados para preenchê-las. Mas, afinal, por que faltam esses oficiais no Brasil?
Neste artigo, vamos explicar os motivos do país ter poucos Oficiais de Marinha Mercante e os caminhos para reverter esse cenário. Continue a leitura!
O Brasil, com seus mais de 8 mil quilômetros de costa navegável, possui uma economia cada vez mais dependente do comércio exterior e do transporte interno de mercadorias.
Nesse contexto, a navegação surge como um dos principais eixos logísticos. A cabotagem, o transporte de cargas entre portos nacionais, tem sido amplamente apontada como uma solução estratégica para desafogar as rodovias, reduzir custos logísticos e impulsionar a sustentabilidade.
No entanto, em contraste com essa crescente demanda por transporte marítimo, o mercado de trabalho deste setor tem apresentado uma lacuna significativa na disponibilidade de profissionais.
Existe um número considerável de vagas para oficiais de máquinas da marinha mercante, mas a dificuldade em preenchê-las aponta para um problema complexo e multifacetado, que impacta diretamente a capacidade do país de aproveitar seu potencial marítimo.
A escassez de OMMs não é um problema isolado, é o resultado de uma combinação de fatores que dificultam tanto a formação de novos profissionais quanto a retenção dos já existentes. Saiba mais sobre esses desafios:
A formação de um Oficial de Marinha Mercante é um processo rigoroso e de alta qualidade. As Escolas de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM), geridas pela Marinha do Brasil, oferecem um ensino de excelência, preparando os futuros oficiais para os desafios do mar.
Contudo, apesar da indiscutível qualidade, o número de vagas anuais oferecidas pelas EFOMMs pode ser limitado em comparação com as necessidades do mercado.
O processo seletivo para as EFOMMs é altamente concorrido. Após a formação teórica e prática, os alunos precisam realizar um período de embarque para estágio, onde consolidam seus conhecimentos.
Essa formação específica, concentrada em poucas instituições, cria um funil que restringe o fluxo de novos profissionais para o mercado.
A baixa disponibilidade de Oficiais de Marinha Mercante gera um efeito cascata que afeta diretamente a eficiência e a competitividade do transporte de cargas no Brasil.
Para a cabotagem, esse cenário é ainda mais crítico. O desenvolvimento do modal depende diretamente da capacidade de oferecer um serviço regular, eficiente e competitivo. A falta de oficiais pode frear o crescimento da cabotagem, impedindo que ela alcance seu potencial máximo como alternativa viável e estratégica ao transporte rodoviário. Sem profissionais suficientes, a “BR-marítima” corre o risco de permanecer subutilizada.
Reverter o cenário de escassez de Oficiais de Marinha Mercante exige um esforço conjunto e multifacetado, envolvendo o governo, as instituições de ensino e o setor privado.
É fundamental investir no aumento da capacidade e na modernização das EFOMMs, garantindo que elas possam formar um número maior de profissionais, alinhados à demanda crescente do mercado. Isso pode incluir a abertura de novas turmas, a expansão da infraestrutura existente e a atualização constante dos currículos para atender às inovações tecnológicas do setor.
Desenvolver campanhas de conscientização e divulgação sobre a carreira de Oficial de Marinha Mercante é essencial para atrair jovens talentos. Muitos desconhecem as oportunidades e os benefícios dessa profissão, que oferece estabilidade, bons salários e a chance de conhecer o mundo.
A valorização dos profissionais já atuantes, com melhores condições de trabalho, planos de carreira objetivos e programas de incentivo à permanência na profissão, também é fundamental para a retenção.
Por fim, implementar políticas públicas que incentivem a cabotagem e o transporte marítimo em geral é essencial.
Ao fortalecer o transporte marítimo, aumenta-se a demanda por profissionais, gerando um ciclo virtuoso de crescimento e desenvolvimento.
A falta de Oficiais de Marinha Mercante é um gargalo significativo que impede o Brasil de explorar todo o potencial de sua vocação marítima e da BR-marítima.
Superar esse desafio é fundamental para a modernização da nossa matriz de transporte, o desenvolvimento econômico e a garantia de uma logística mais eficiente e sustentável.
Ao investir na formação, na valorização profissional e em políticas públicas de fomento ao setor, o Brasil pode garantir que a Marinha Mercante tenha os profissionais necessários para impulsionar a cabotagem e conectar o país de forma ainda mais eficiente e sustentável.
Quer saber mais sobre como a cabotagem pode transformar a logística brasileira e as carreiras que impulsionam esse modal? Continue explorando o blog da ABAC e conheça o transporte marítimo no Brasil!
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