No início do mês, 165 Estados- Membros da Organização Marítima Internacional (IMO, International Maritime Organization) se reuniram para discutir soluções com o objetivo de atingir, até 2050, a meta Net Zero Carbon (emissões zero) na indústria marítima.
A principal ação para atingir a meta Net Zero Carbon seria acelerar a transição energética da indústria marítima. De acordo ao subchefe de assuntos marítimos do Estado-Maior da Armada e coordenador-adjunto da Comissão Coordenadora dos Assuntos da IMO, o Contra-Almirante da Marinha, Carlos Henrique de Lima Zampieri, houve dois posicionamentos distintos entre os Estados-Membros para que pudessem adotar, de maneira economicamente viável, elementos associados às medidas técnicas e operacionais.
“Uma vertente de posicionamento considerava a modalidade de precificação de fácil implementação, o que proporcionaria a redução imediata da diferença de preços entre os combustíveis fósseis, atualmente utilizados, e os combustíveis alternativos de baixa ou zero emissão. Noutra vertente das negociações, figuraram Estados que, devido às características geográficas e mercados consumidores, observaram a taxação, da forma proposta, como causadora de impactos às economias sem a desejável contribuição direta para descarbonizar o setor comercial marítimo”, comentou Zampieri.
O Contra-Almirante disse também que o Brasil apresentou um contra-argumento sobre a taxa proposta, baseando-se em um estudo realizado pela USP (Universidade de São Paulo), que demonstrava ser um valor desproporcional, frente aos impactos aos quais os países sul-americanos e africanos seriam expostos. “Teve destaque a aprovação de uma taxa que deveria ser cobrada sobre as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), registradas pelo GHG (Programa Brasileiro da Fundação Getúlio Vargas) para registrar e publicar inventários dessas emissões”, comentou.
Estratégias IMO
Em relação às estratégias de 2023 da IMO, a maioria dos Estados-Membros, presentes na reunião, reconheceu que é importante fazer uma avaliação para definir ações efetivas que representem o menor impacto possível sobre os mesmos. “Todas as medidas submetidas permanecem sobre a mesa de discussões, passando os esforços a serem voltados ao seu detalhamento e à realização de avaliação de impactos, de forma bem conduzida e revista por grupos de peritos, com o objetivo que o transporte marítimo alcance o Net Zero Carbon por volta de 2050”, afirmou o Contra-Almirante.
Ainda segundo Zampieri, os próximos passos rumo à transição energética e à descarbonização da indústria naval referem-se à finalização e aprovação do relatório da avaliação de impactos, previsto para o mês de outubro de 2024 (MEPC82), com a aprovação das medidas em abril de 2025 e, finalmente, a prática de tais ações adotadas até outubro do mesmo ano.
Desde janeiro deste ano, de acordo com matéria publicada na Revista Portos e Navios, é obrigatório, por todos os navios, que seja calculado o Índice de Eficiência Energética de Navios Existentes (Energy Efficiency Existing Ships Index – EEXI) para medir a eficiência energética e, também, fazer a coleta de dados para medir a Intensidade de Carbono Operacional (Carbon Intensity Indicator – CII).
Conferência Navalshore
O tema será analisado durante a Navalshore – Feira e Conferência da Indústria Marítima, que acontece de 22 a 24 de agosto, no Expomag, no Rio de Janeiro. O evento reúne a indústria naval brasileira e internacional e, além da área de exposição da qual participam mais de 90 marcas expositoras, traz à mesa de discussões a transição energética na indústria marítima com participação da Comissão Coordenadora dos Assuntos da IMO e a presença confirmada do Contra-Almirante da Marinha do Brasil, Carlos Henrique de Lima Zampieri.
No mesmo painel, também estarão presentes a consultora técnica da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Patrícia Feitosa Bonfim Stelling; a chefe do departamento de gás, petróleo e navegação do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Elisa Salomão Lage; e a doutoranda da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisadora associada ao ICCT (International Council on Clean Transportation), Francielle Carvalho.
Zampieri comentou também que o painel que será apresentado deve gerar um debate sobre as decisões ocorridas durante o encontro do Cômite Ambiental da IMO (MEPC80), realizado no início de julho em Londres, abordando as estratégias da IMO para a redução dos gases do efeito estufa provenientes dos navios; os impactos ao transporte marítimo decorrentes de medidas de mitigação, as exportações brasileiras e a discussão de alguns cenários esperados durante a transição energética.
A conferência também abordará quais serão os caminhos para o fortalecimento da indústria naval e offshore. Dentro deste painel, serão, ainda, explanados tópicos sobre o poder público e seus principais demandantes; e as perspectivas e demandas da indústria marítima.
Encontro da indústria naval
A 17a Navalshore – Feira e Conferência da Indústria Marítima vai reunir armadores, estaleiros, fabricantes e fornecedores do mercado para fomentar o debate no encontro que é considerado líder neste segmento em toda a América Latina. “É de extrema importância que tenhamos, neste momento de retomada, um evento como a Navalshore para proporcionar o encontro dos principais stakeholders da construção civil”, disse o diretor da Navalshore Organização de Eventos, Marcos Godoy Perez.
Segundo os organizadores, a expectativa de visitação nos três dias de evento é de 10 mil pessoas. Todo o conteúdo e a programação pode ser conferida pelo site. Acesse https://www.navalshore.com.br/pt/
Rua São José, 40 - 3º andar
CEP 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ
Tel: 21 3231-9065
abac@abac-br.org.br
LinkedIn
Patrícia Nogueira / Ana Salazar
Tels: 21 3114-0699 / 98302-6967
patricia.nogueira@argumentogi.com.br
© 2025 ABAC - Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem