A Cabotagem é a navegação entre portos do mesmo país, e se contrapõe à navegação de longo curso, que é realizada entre portos de diferentes países. O termo deriva-se do sobrenome de Sebastião Caboto, um navegador veneziano do século XVI, que explorou o Rio Prata em busca da Mística Serra da Prata.
O Brasil é um país continental, com cerca de 8 mil quilômetros de costa. Nada mais esperado do que usarmos essa estrada natural para transporte de carga. Nos últimos anos, a Cabotagem cresceu em um ritmo acelerado no Brasil. A pandemia quebrou um pouco esse ritmo de crescimento, mas aos poucos a tendência vem sendo retomada.
Foram adquiridas, na última década, cerca de 20 embarcações que estão registradas na bandeira brasileira, com um investimento da ordem de R$ 3,5 bilhões. São investimentos em navios de última geração, comparáveis aos melhores do mundo, que prestam serviços sofisticados. Hoje temos uma frota de mais de 70 navios de bandeira brasileira, que geram impostos e empregos para o país, e a segurança de poder sempre contar com as empresas brasileiras de navegação, independentemente da variação do mercado internacional.
Em 2022 foram movimentados 1.3 milhão TEU’s entre os portos ao longo da costa brasileira. Isso corresponde a mais de 1 milhão de viagens rodoviárias que deixaram de ser feitas somente no ano passado. Se colocarmos esse volume em caminhões encostando os para-choques, daria uma distância de 15.000 Km ou 5 filas de caminhões de São Paulo a Fortaleza.
A cabotagem oferece diversas vantagens. Ela transporta de helicópteros a televisão, de pás eólicas a biocombustíveis, de minério e grãos a vestuário, com previsibilidade na entrega. Possui menor risco de avarias e roubos, com potencial de redução de 10 mil acidentes/ano, e consequente redução de custos com seguros. Para se ter uma ideia, em 455 mil operações no último ano, aconteceram apenas 13 roubos, totalizando 0,04 roubos por 1000 operações, e 20 acidentes. Em 2021 o índice foi ainda menor, com 0,01 roubos/1000 operações. A cabotagem é ainda ambientalmente sustentável, já que emite 4 vezes menos CO2, se comparado aos demais modais de transporte, e causa menos acidentes ambientais, com maior controle e responsabilização.
Com soluções eficientes de transporte multimodal de porta a porta, a cabotagem oferece muitas facilidades para o cliente, com o manejo adequado e seguro da carga, fazendo todo o planejamento logístico, absorvendo a burocracia e garantindo o abastecimento, no tempo combinado. A pontualidade na entrega foi de mais de 90%, nos últimos 3 anos. Nos transportes de granéis e nos projetos especiais, o transporte é pensado e executado de acordo com a necessidade do cliente, com soluções customizadas, oferecendo eficiência e segurança no transporte de cargas que merecem atenção diferenciada.
Além de tudo isso, a cabotagem, por sua eficiência, seu caráter multimodal, sua previsibilidade e segurança na entrega, e menor risco de acidentes, tem custo competitivo, especialmente nas longas distâncias e nas distâncias mais curtas, quando envolve grandes volumes de carga. Reduz ainda o custo do país com manutenção das rodovias, já que possui uma estrada pronta: seus 8 mil km de costa navegáveis.
Segundo um estudo de 2018 do Instituto Ilos, para cada 1 contêiner atualmente na cabotagem, existem outros 4,8 que seriam captáveis pelo modal aquaviário no país. O Instituto afirma, ainda, que 21% de grandes indústrias brasileiras, aquelas que movimentam maior volume de cargas, têm a intenção de trocar de modal: sair do rodoviário e optar pela cabotagem nos próximos anos. Segundo dados do mesmo instituto, de 2022, o Brasil conta com 63% da produção sendo escoada pelas rodovias, 19% da produção passando pelas ferrovias nacionais, enquanto o transporte aquaviário movimenta apenas 13% das cargas. Em termos de comparação, na China, 44% da produção é escoada pelo modal aquaviário. Ou seja, existe muito espaço ainda a ser ocupado pela cabotagem.
Conheça aqui história da Cabotagem https://abac-br.org.br/abac/nossa-historia/