A capacidade de um país de mover suas riquezas de forma eficiente é diretamente proporcional à sua força comercial. Para o Brasil, uma nação com uma costa extensa e uma economia diversificada, o transporte de cargas pelo mar emerge como uma estratégia poderosa e subutilizada. Enquanto o asfalto domina a logística, ignoramos uma “rodovia” natural de 8 mil quilômetros, pronta para conectar as mais diversas regiões.
Este artigo irá discutir como o uso inteligente do modal marítimo e da cabotagem podem impulsionar o comércio, tanto interno quanto externo, e aumentar a competitividade das empresas brasileiras, mudando a percepção de que a única solução para o transporte de cargas são as estradas.
O Brasil, com sua vasta extensão territorial, tem uma das matrizes de transporte mais desequilibradas do mundo, onde o caminhão domina a movimentação de cargas.
Essa concentração no modal rodoviário, embora fundamental, sobrecarrega a infraestrutura e gera uma série de problemas que impactam desde o grande exportador até o consumidor final.
A logística rodoviária, por mais essencial que seja, traz consigo ineficiências e custos significativos.
A conta do frete rodoviário é alta. Combustível, pedágios, manutenção da frota e, principalmente, o risco de roubo de carga elevam o preço do transporte, que acaba sendo repassado ao consumidor final.
Essa insegurança gera um custo adicional de seguro, tornando o frete menos competitivo e mais caro.
Para percorrer grandes trechos, como ligar o Sul ao Nordeste, o transporte rodoviário exige um tempo de deslocamento elevado. O trânsito, as condições das estradas e a necessidade de paradas para descanso do motorista podem comprometer a pontualidade e a integridade de produtos perecíveis ou de alto valor agregado.
Para o transporte de cargas de grandes volumes e em longas distâncias, as transportadoras marítimas oferecem uma solução muito mais eficiente e previsível, com maior pontualidade.
A emissão de carbono do transporte rodoviário é consideravelmente maior. A queima de diesel contribui significativamente para a emissão de gases de efeito estufa.
Em um cenário global onde a sustentabilidade é uma exigência do mercado e da sociedade, apostar em um modal menos poluente não é apenas uma escolha ambientalmente responsável, mas também uma decisão de negócio estratégica.
A cabotagem emite quatro vezes menos CO2 por tonelada transportada, em comparação ao modal rodoviário, alinhando a logística à crescente demanda por práticas ESG.
Essa dependência excessiva ao modal rodoviário não apenas limita a competitividade do nosso comércio, mas também nos torna vulneráveis a crises.
Um país que move suas riquezas majoritariamente por um único modal está à mercê de paralisações, como as que o setor rodoviário já protagonizou.
Mudar a matriz de transporte não é apenas uma opção, mas uma necessidade estratégica para um Brasil mais resiliente e dinâmico.
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Fomentar o transporte costeiro, a chamada cabotagem, é uma das formas mais eficazes de fortalecer o mercado interno e otimizar a distribuição de produtos. É a maneira de garantir que o Brasil use sua geografia a seu favor.
O Brasil possui grandes centros industriais no Sul e Sudeste e mercados consumidores em crescimento em todas as regiões.
A cabotagem atua como uma ponte eficiente, conectando de forma barata e em grande volume o polo industrial de São Paulo, por exemplo, com os mercados do Nordeste.
É o caminho mais inteligente para levar a produção da Zona Franca de Manaus para as demais regiões do país.
Essa integração não apenas estimula o comércio inter-regional, mas também gera um ciclo virtuoso: ao facilitar o movimento de mercadorias, a cabotagem estimula a produção e o consumo em todo o território nacional.
Um dos maiores obstáculos para a competitividade é o chamado “custo Brasil”. A logística é um dos componentes mais importantes desse custo.
Ao reduzir o frete por meio da eficiência do modal marítimo, é possível baratear o preço final dos produtos que chegam às prateleiras. Isso não só aumenta o poder de compra do consumidor, mas também fortalece a economia como um todo, tornando as empresas mais competitivas.
Uma matriz de transporte mais equilibrada, com forte participação do modal marítimo, torna o país menos vulnerável.
Ao mover grandes volumes por navios, garantimos o fluxo contínuo de mercadorias mesmo em caso de paralisações ou crises que afetem as estradas.
O transporte por mar oferece uma segurança e pontualidade superiores, garantindo que as cadeias de suprimentos não sejam interrompidas.
Leia também: Quais são os tipos de cargas marítimas e como elas são transportadas?
Apesar de o transporte marítimo ser mais eficiente, a infraestrutura em terra é o que, muitas vezes, limita o seu potencial.
A eficiência na operação portuária (tempo de embarque e desembarque, custos e burocracia) impacta diretamente o custo final da exportação e, por consequência, a competitividade do produto brasileiro.
Investir na modernização dos portos, em tecnologias de gestão e na simplificação de processos é tão fundamental quanto ter uma frota moderna.
O transporte de cargas pelo mar não é apenas uma alternativa logística; é um investimento estratégico na própria competitividade do Brasil. Uma política focada em fortalecer a cabotagem e em modernizar os portos não beneficia apenas as empresas de navegação, mas toda a sociedade.
Ao criar um ambiente comercial mais dinâmico, integrado e com custos mais baixos, abrimos caminho para um futuro onde o nosso comércio, tanto interno quanto externo, atinge seu pleno potencial. A ABAC trabalha para popularizar essa ideia, mostrando que o mar é o caminho para um Brasil mais eficiente e competitivo.
É hora de o Brasil redescobrir sua maior “rodovia” e usá-la a seu favor. Afinal, a solução para muitos dos nossos desafios logísticos está bem debaixo do nosso nariz — ou melhor, à beira-mar.
Quer saber como o transporte de cargas por via marítima pode transformar a sua logística? Veja mais conteúdos no nosso blog!
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